Arquivo da categoria: Brasil

5 Praias de Água Cristalina e Algum Sossego Próximas da Civilização

1.     Praia Brava, Búzios, BRASIL

O acesso é só de carro. Há dois hotéis no lugar, mas um é butique – ou seja, menos gente. Há um caminho de pedregulhos levemente arriscado para se chegar à parte ampla da praia, de mar calmo, com poucas ondas e areias nas cores branca e rosa. Sim, rosa.

2.     Praia de Elia, Mykonos, GRÉCIA

De carro, de ônibus ou lancha, o acesso é garantido, mas a frequência é suave. Sofisticada como quase todas as praias da ilha e ainda preservando p ambiente de quase todas as ilhas gregas: relaxado. Quem quiser ficar pelado fica. Quem quiser fumar fuma. Quem quiser beber bebe. Cada um na sua. Os únicos restaurantes da região são bons, mas  caros para os padrões gregos, mesmo que de Mykonos. Mas valem a pena.

3.     Angra de Ipioca, Maceió, BRASIL

Acesso somente por um condomínio fechado. Nenhum ambulante, nenhum axé, nenhuma barraca, águas claríssimas e um paraíso relaxado e adulto que combina até com crianças.

4.     Hurghada, EGITO

Ao contrário do Brasil, toda praia no Egito é privada e paga. Ou seja, não dá pra todo mundo entrar. É péssimo, mas te condiciona a entrar para as praias de Hurghada somente através de um resort. É o Egito, minha gente, então para brasileiro tudo vai parecer de graça. A convivência com os russos abundantes na região traz um pouco do clima de Porto Seguro, com música brega… europeia. Fuja de tudo e alugue um barco só pra você para passear pelos bancos de areia. O preço é ainda egípcio.

5.     Praia dos Nativos, Trancoso, BRASIL

À direita do Quadrado, olhando para o mar, desça e rapidamente você está lá. As águas são limpas e quentes como em quase toda praia nordestina. Enorme e, apesar da badalação, ainda sossegada, a praia é deslumbrante. Se o sangue dos Jardins (bairro de São Paulo) corre muito forte em suas veias, sente num pufe branco e peça seu espumante. Se você quer se livrar até desse tipo de gente e de atitude, caminhe em direção às falésias cor-de-rosa e mergulhe no encontro de mar + rio + falésias.

Maceió – Dia 2 – BRASIL

Você pode apreciar Maceió sem sair da cidade. Todas a praias têm água clara e própria para banho. Recomendo a praia de Ponta Verde ou, mais à frente, instale-se em frente à barraca de praia Lopana, que tem comida boa, musica decente é – quando não é ao vivo – e é frequentada dia e noite pelas patricinhas e mauricinhos da cidade.

Mas fugir em direção ao norte é a melhor opção. Pare na praia da Sereia só para ver a estética de uma praia de filme de terror. Uma estrutura de arrepiar na parte de trás, com caranguejos vivos e enjaulados além de um comércio movido um pessoal um pouco assustador.

Mais à frente, está o paraíso de Angra de Ipioca. O acesso a essa praia é por dentro de um condomínio. É fácil localizar, pois as placas indicam o restaurante Hibiscus, que fica dentro da praia de Angra de Ipioca e só pode ser acessado pelo condomínio.

É por lá que você deve entrar para dar de cara com um paraíso de águas claras, sossegado e com pouquíssima gente. O Hibiscus dá conta do atendimento na praia e alerta para evitar o consumo de ambulantes para evitar que eles invadam o paraíso. A comida no Hibiscus é cara e não é grande coisa, mas os sucos, como em todo Nordeste, são excelentes. E você pode pagar com cartão de crédito.

Comer em Maceió

Akuaba – comida baiana boa e cara num belo restaurante nas Mangabeiras.

Recanto do Picuí – tradição paraibana em Alagoas, de comida deliciosa e preço ótimo. Também nas Mangabeiras.

Sorveterias Bali e Fika Frio – sem erro ir direto nos sabores de frutas do Nordeste.

Lopana – a barraca de praia é meio bar, meio restaurante e a comida é boa e de preço honesto.

Tapiocas são confiáveis em quase toda a Alagoas. Mas fique atento ao típico caldo de Sururu – aprecie com moderação.

Maceió – DIA 1 – BRASIL

Das capitais nordestinas, Maceió não é das maiores. Mas é uma das que melhor estrutura turística têm. Isso significa quase todas as vezes explorar o turista, e não exatamente o turismo. Mas os serviços, no geral, são bons.

Percorrer suas praias ao norte e ao sul é o melhor programa da cidade. Se quer fazer com independência e economia, é melhor alugar um carro desde o aeroporto. Você já vai economizar no táxi até o centro, que é caríssimo. Mas se prefere e – como eu – não gosta muito de dirigir, há empresas que fazem os passeios e os transportes para as praias da sua preferência. Eles podem ser agendados diretamente no hotel ligando 24h por dia. Ou seja, você liga de madrugada para se encaixar num passeio para o dia seguinte. Cuidado só para não relaxar muito e ficar sem vaga.

O primeiro dia pode ser tirado para as praias do sul. No mesmo trajeto, você pode passar pelo bairro histórico da antiga Maceió, o Jaraguá. De dia, tudo ótimo. De noite, desértico. Tenha cautela. Há uma favela logo em frente ao bairro histórico, ao lado de um dos mais bonitos cais de porto do Brasil que, infelizmente, não é aberto a visitação.

O centro da cidade não impressiona pela arquitetura. Melhor seguir direto para a cidade de Marechal Deodoro, onde nasceu o primeiro presidente. O centro histórico é imponente e no litoral está a cristalina Praia do Francês. Muito-muito cheia nos finais de semana, então caminhe para a extrema direita do litoral para evitar a multidão.

Logo mais à frente está o município da Barra de São Miguel. Famoso pelo carnaval muvucado, pode ser desfrutado com mais calma fora da festa. De lá, é legal tomar um barquinho para a praia do Gunga. Você vai parar no arrecifes e pegar ouriços nas mãos – os bichos se movem! – e ainda nadar próximo a um dos vários bancos de areia do litoral alagoano.

A praia do Gunga, mais à frente, também é cheia e tem estrutura de gosto duvidoso. Música alta, fritura, barracas horripilantes. Mas tudo fica melhor se você, novamente, caminhar em direção à extrema direita da praia. Longe de tudo e de todos, instale-se debaixo de um coqueiro e aprecie o Nordeste na sua essência. A areia é limpa, apesar da insistência do povo em sujá-la. O mar é maravilhoso e temperatura da água te convida a passar de 40 minutos a uma hora dentro do mar.

Inhotim – Dias 1 e 2 – MINAS GERAIS

A 2 horas de Belo Horizonte, está um dos lugares mais fantásticos do nosso país, que pouca gente ainda conhece, mas é de impressionar qualquer cidadão do mundo: o Inhotim.

Jardim botânico e instituto de arte contemporânea, a propriedade privada de Bernardo Paz, empresário do setor siderúrgico e colecionador de arte, foi transformada em parque por iniciativa própria. Inhotim não só tornou-se algo único no mundo como levou desenvolvimento social à região.

A ideia de 1980 tomou forma quando Burle Marx idealizou os jardins que abrigariam a partir de 2002 galerias de arte em estruturas modernas e esculturas ao ar livre.

Hoje, some-se ao projeto do Inhotim um investimento em cidadania, contratando moradores da pequena Brumadinho, cidade que ainda não acompanhou a grandeza do parque que abriga. Os jovens que trabalham no local aprendem inglês e valorizam a oportunidade de conhecer gente de todo o país e de todo o mundo.

Os hotéis em Brumadinho são muito simples e os restaurantes não satisfazem nem com aquela comidinha mineira. A opção é comer no próprio Inhotim, que reúne de pizzaria (boa) a restaurante à la carte sensacional. Ou, se preferir, um honestíssimo bufê, com direito a uma chef especializada em saladas de BH e um carrinho com sobremesas maravilhosas.

O Inhotim tem galerias dedicadas a acervo. Outras são dedicadas permanentemente a artistas brasileiros de grande expressão, como Hélio Oiticica, Tunga e Adriana Varejão.

Aprecie você ou não arte contemporânea, o local vale a visita. Pode ser inclusive com crianças, pois só na galeria do Hélio Oiticica há tanta atividade lúdica que elas dificilmente vão querer sair do local. E nem você. Afinal, não é em qualquer lugar que você pode andar num salão gigante com chão de espumas, dormir em redes em meio a projeções de dimensões enormes e até mesmo mergulhar numa piscina dentro de uma escura sala.

São vários também os artistas internacionais que fazem parte do acervo do Inhotim. Abaixo, a impressionante obra do americano Chris Burden, o mesmo cara que já se crucificou num fusca. Mais importante que a escultura, Burden, artista conceitual, preocupou-se com o processo. As vigas gigantes caíam aleatoriamente e formavam uma estrutura que passou a fazer parte da realidade do local e é impossível de ser repetida. O resultado está no vídeo em seguida.

 

Porto Alegre

Há 3 anos, me indicaram um lugar para comer em Porto Alegre.

O Cavanhas é uma lanchonete bem floclórica e quase tosquinha. Serve sanduíches exagerados, incluindo criações como X-coração de galinha. Todos com a batata por cima do sanduíche, lembrando um chivito uruguaio.  Deve vir da proximidade a influência.

No final de 2009, depois de ter rodado todos os pavilhões da Bienal do Mercosul, cheguei no Cavanhas umas 20h andando pela sombria Lima e Silva. Abri o cardápio e fui direto nas pizza de champignon. Pedi metade e ainda tinha o bonus de poder dividir a metade da metade da pizza com outro sabor. Pedi de chocolate e o garçon não hesitou em oferecer:

– Quer colocar raspas de chocolate branco por cima de sua pizza de chocolate?

A resposta tá aí…

São Paulo – Inusitado

Nascida em 1998 em San Francisco, nos Estados Unidos, a Bicicletada é uma reivindicação de ciclistas sobre seu espaço nas ruas. A postura de seus participantes é anticarros e de supervisão do (mau-)comportamento dos motoristas. Sem líderes definidos, cabe a cada um que se identifica com a Bicicletada ir educando motoristas no dia a dia para que o convívio entre bicicletas e carros no trânsito torne-se cada vez mais assimilável.

O movimento é inspirado no Critical Mass, evento que ocorre na última sexta-feira do mês em várias cidades do mundo, reunindo ciclistas num recorrido que comunica à comunidade e aos atuantes no trânsito que cada ciclista merece ser respeitado por ser um carro a menos nas ruas.

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A crítica direta do movimento é a falta de espaços públicos destinados a veículos leves movidos à propulsão humana – a bicicleta é o principal deles, mas também cabem nessa definição skates, patinetes e patins. Há uma oposição clara aos automóveis no trânsito e nos estacionamentos públicos e privados, que também carecem ou esquecem do espaço destinado à bicicleta.

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Recentemente, a Massa Crítica paulistana esteve no recém-inaugurado Shopping Vila Olímpia para reivindicar bicicletários. A repercussão na mídia foi grande e em menos de uma semana o shopping destinou postos exclusivos para as bicicletas.

Nesta sexta, dia 26 de fevereiro, não havia uma reivindicação específica. Houve o tradicional passeio partindo do início da Av. Paulista (próximo à Consolação) às 20h, horário e dia da semana onde o trânsito da cidade chega ao seu ápice.

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Devia haver aproximadamente 200 cicilistas. Percorremos a Paulista em direção ao Paraíso, passamos pela Liberdade, chegamos à Praça de Sé, cruzamos o lindo Centro antigo e subimos pela Augusta.

Os gritos do passeio são como “menos carro, mais bicicletas”, “mais tubaína, menos gasolina”. Os ciclistas, aparentemente envolvidos, ajudam a segurar o trânsito para a passagem do grupo, educam motoristas e respeitam-se entre si.

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Mas dentro de tudo isso que parece lindo, orquestrado e democrático, há uma contradição: pela primeira vez, vi o grupo desrespeitando pedestres e passantes sistematicamente. Além de, desta vez, a Massa Crítica ter ocupado algumas calçadas e ter pego algumas contra-mãos, houve baderna em pontos-de-ônibus onde trabalhadores exaustos tentavam pegar o transporte público coletivo para voltar para casa. Cheguei a ver cenas de ciclista que virou muito macho num grupo de 200 pessoas discutindo com motoristas de ônibus e dificultando a vida de quem usa o transporte público. A meu ver, ônibus está dentro da filosofia do movimento, que abomina o automóvel privado individual, mas tem discernimento suficiente para não demonizar qualquer coisa sobre rodas queimando gasolina no asfalto.

Quem prega o respeito individual usando o trânsito como palco deve respeitar. Não foi o que aconteceu nessa sexta. O ápice da dissincronia com a filosofia do movimento se deu na subida da Rua Augusta. As mulheres na calçadas eram cantadas grosseiramente por alguns ciclistas. Casais de namorados eram incomodados e alguns gays que iniciavam sua noitada foram ridicularizados. Enfim, era o movimento que se apropria do nome “Massa Crítica” e tem como inspiração uma cidade libertária e respeitosa como San Francisco reproduzindo o que a nossa sociedade tem de pior: chauvinismo e machismo.

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Quem já leu A Revolução dos Bichos, de George Orwell, viu que todo grupo muito igualitário entre si, de princípios bons e, muitas vezes, anarquistas, quando está no poder, assume as identidades do grupo anterior: há líderes que se acham naturalmente no papel de assumir o controle da situação, há os que se impõem pela força, há os que se julgam mais inteligentes. E, a partir daí, acabou a igualdade. Tudo volta ao normal e à essência da nossa natureza, com cada ser humano exigindo o que acha ser de direito para si pela diferenciação que apresenta frente aos outros.

Pela falta de um trabalho institucional da Bicicletada, que não educa seus participantes, não resgata periodicamente seus objetivos, não educa os motoristas e nem explica para quem adere ao grupo na última sexta-feira do mês qual o propósito do passeio, o movimento vai ficando com cara de trânsito latino-americano, onde quem tem a melhor bicicleta corre mais, quem tem a bicicleta maior é mais machão, quem tá há mais tempo no grupo é mais agressivo.

Como nem tudo está perdido, na pizza após o passeio, foi possível compartilhar esse tipo de ideia com outras pessoas que estavam no movimento. A sorte é que vi que já existe uma resistência crítica a esta situação que parece estar saindo do controle. Afinal, quem prega respeito tem que, antes de tudo, respeitar.

São Paulo – Colombiano

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A colombiana Crepes and Waffles finalmente desembarcou no Brasil. Até aí, nada demais, já que pouca gente conhece a rede. Mas quem já foi para NY pelo voo baratinho da Avianca e fez escala em Bogotá certamente se deparou com o restaurante Crepes and Waffles no aeroporto.

O que tem de legal a Crepes and Waffles além de crepes, waffles, sopas e sorvetes maravilhosos? Sua missão e seus valores. A rede tem em sua maioria funcionárias mulheres, quase todas mães de família, que têm papel ativo na economia do lar. Ou seja: na visão da empresa, devem valorizar o trabalho, a produção cuidadosa dos alimentos e o modo de servir.
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O restaurante, no shopping Vila Olímpia, tem as mesmas características das lojas colombianas. Decoração convencional de madeira, luz quente, cadeiras confortáveis, balcão de sorvetes, máquinas de café e a equipe de atendimento e cozinha composta 100% por mulheres. Havia até uma madre colombiana supervisionando.

De entrada, pedimos o Elixir. É um suco de amêndoas com maçã verde, uva verde e uva roxa. Você puxa o suco pelo canudo e os olhos viram. Gelado e de sabor marcante de amêndoa temperada pelas outras frutas. Em seguida, pedi outro suco delicioso: banana, morango e laranja. Mais convencional, mas muito bem feito e preço muito justo: R$ 4,20.
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Fui direto na salada mediterrânea, fartamente servida com camarões, lulas, azeitonas, folhas e molho pesto + mostarda. Na minha mesa ainda pediram envoltini de queijo gouda com parma e crepe de frango indiano.
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A sobremesa era o melhor. Era tanta opção que pedimos o cardápio com fotos para ajudar. Para ajudar mais ainda, fomos até o balcão experimentar os sorvetes que acompanhavam os crepes ou waffles. Pedi um waffle de frutas vermelhas com um inigualável sorvete de amêndoas com pedaços de amêndoas. Preço ótimo também: R$ 8,20. Quase uma refeição. Na mesa, ainda vieram waffles de doce de leite com sorvete, chocolate com sorvete de brownie e miniwaffles de macadâmia, caramelho e café com sorvete. Tudo muito bom.
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Para encerrar, pedimos um café, que não era colombiano. Era Orfeu mesmo, mas fechou a mega-refeição por R$ 50,00 por cabeça. Muito justo pelo que comemos e bebemos.

O único porém da Crepes and Waffles no Brasil é que temos que ir até o shopping Vila Olímpia para desfrutar. Como não trabalho por perto, é uma funçãozinha. Mas valeu a pena.

Abaixo, uma foto de uma deliciosa sopa de tomate com banana na Crepes & Waffles de Bogotá, em Chapinero, lindo bairro em estilo clássico-inglês da metrópole andina. Em seguida, um crepe de cogumelos com espinafre, que não encontrei no cardápio do Brasil.

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São Paulo – Inusitado

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A fama de terra de oportunidades que o Brasil tem entre os seus irmãos latinos – somada à nossas fronteiras gigantes e problemáticas e aos governos que pouco desenvolvem os nossos vizinhos – faz com que recebamos ilegalmente artistas argentinos, contrabandistas paraguaios e mão de obra semi-escrava boliviana.

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Estima-se que mais de 200 mil bolivianos vivem em São Paulo. Aqui na ilha em que habito entre Consolação, Pinheiros, Jardins e Paraíso, mal os vejo. Tive que finalmente tomar o metrô até a estação Armênia e procurar a feira que acontece aos sábados e domingos na rua Pedro Vicente, em frente ao número 600, para ver que existe um pequeno-grande centro de tradições bolivianas na nossa megalópole.

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Eles mal falam português. Trabalham em fábricas de roupas tocadas por coreanos no Brás. Em condições sub-humanas, ao que parece. Nos fins de semana, aliviam a saudade da terra natal numa feira que vende deliciosas Saltenhas (empanadas bolivianas com recheio bem cremoso, que você deve cavar com uma colher antes de devorar a massa), empanadas (tipo as chilenas ou as argentinas), churrascos, incluindo um delicioso espeto de carne de coração de boi, pacotes de chás de coca, farinha de quinua e de amaranto.

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As sobremesas deixam a desejar. Como quase todo país latino, a Bolívia não tem o paladar tão apurado como os mexicanos, os argentinos, os brasileiros e os chilenos. Doce na Bolívia é muuuuito doce. Salgado é muuuuito salgado.E saboroso (ou rico) é descendente direto de fritura. Então, se você for à feira, ou, quem sabe, à própria Bolívia, foque nos assados. Para beber, um ótimo chá gelado de pêssego desidratado com cravo. Tem em tudo quanto é barraca.

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A feira também inclui as insuportáveis bandinhas bolivianas de música indígena, muita gente carregando garrafas de 2L de refrigerante para degustar enquanto dá uma volta pelo local, sorteios de pacotes para Santa Cruz de La Sierra – ou venda de pacotes de viagens – anunciados em alto falante, um banheiro imundo a R$ 0,50, tendas de cabeleireiros, DVDs piradas de artistas bolivianos e megapainéis com fotos de La Paz, Sucre, Copacabana, Lago Titikaka e Santa Cruz de La Sierra.

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Enfim, é um passeio a uma pequena Bolívia. Até pra chegar à região atravessamos uma das partes mais feias, áridas e urbanóides de São Paulo. Mas as empanadas são tão boas, o churrasco de carne de coração de boi (anticucho) é tão saboroso e os bolivianos são tão amorosos que vale a pena esticar por lá. Brasileiros -acredite! – são a grande minoria, mas cresce a parcela de quem vai experimentar as tradições locais. De olho na clientela turística, algumas barracas de empanadas – como a famosa Don Carlos – já começam a cobrar o preço quase do bar Exquisito, na Consolação. Então, o aviso é o de sempre aos leitores deste blog long tail: corra e experimente antes que hype ou ganhe muito destaque na Revista Veja.

São Paulo – Parque

Um dos mais antigos, mais lindos e mais preservados parques de São Paulo é um desses lugares que agradeço por seguirem com fama discreta. Enquanto a mídia e a população celebram o árido, populoso e mal-vegetado Parque do Povo, na Vila Olímpia, o Parque da Água Branca, na Zona Oeste, segue exuberante e preservado.

O local já abrigou exposições agropecuárias. Hoje, ainda mantém seu aquário, uma pista de cavalo sem cavalos, galos e galinhas caminhando entre nós – repare nos galos seduzindo as galinhas – cocheiras, estábulos e um galpão para, nos fins de semana, receber uma grande feira de produtos orgânicos.

Na verdade, a feira não é nada demais. É como uma feira de bairro, só que com comida, atesta-se, 100% livre de agrotóxicos.

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Gostoso mesmo é experimentar os salgados, pães, bolos e chocolate (quente ou frio) bem amargo vendidos no quiosque ao lado da feira. Tudo bem feitinho, bem simples, e, garantem, 100% orgânico. O preço é muito convidativo. Você pode tomar um café completo e à vontade por nem R$ 20,00. Ou pagar pelos quitutes individualmente enquanto come olhando pro lago.
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São Paulo – Comer

Se você quer fazer de sua experiência em São Paulo ua memória gastronômica de cozinha de autor sem se sentir assaltado no D.O.M., o Maní é uma sugestão.

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Comandado pela ex modelo e atual chef Helena Rizzo, o Maní é a atual sensação da gastronomia paulistana. Também pudera: o ambiente, a comida e a supervisão individual de cada prato que vai à mesa pela chef faz da ida ao restaurante uma experiência deliciosa.

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O cardápio muda constantemente, mas alguns ingredientes se mantêm. Prove o peixe do dia cozido no tucupi com banana da terra e castanhas. Destaque também para o paladar inconfundível do risoto de beterraba e a textura original do levíssimo nhoque de mandioquinha, que não vem regado a molho cremoso como nas tratorias.

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Ponto alto, as sobremesas chegam lindas à mesa. ‘O Ovo’ é sorvete de gemada com espuma de coco e uma casquinha de coco queimado, tipo cocada. Há também sorvete de açaí com morango picado, marshmallow de açúcar mascavo, banana e gelatina de guaraná – sim, tudo junto.

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Mas talvez o mais inesquecível do restaurante seja o couvert de entrada. Um grande biscoito de polvilho bem salgadinho que você pode incrementar com sour cream ou queijo de cabra fresco.
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