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Punta del Este – Dia 2 – URUGUAI

Punta é fácil de ser percorrida porque a península é dividida entre as praias Brava e Mansa. A Brava é de mar aberto. Já é nela que se inicia o Oceano Atlântico. A Mansa ainda é parte do estuário onde deságuam os rios Paraná, Paraguai e Uruguai. A este estuário denomina-se Rio da Prata.

Até a década de 70, Argentina e Uruguai viviam em atrito por causa da navegação no rio da Prata. Não se sabia ao certo onde ele iniciava e, por isso, a navegação de uruguaios na região era sempre contestada pelos argentinos. Até que em 73, estabeleceu-se que o Rio da Prata inciaria-se a partir de um farol em Punta que liga-se imaginariamente com o sul de Buenos Aires. A partir daquela linha imaginária, iniciava-se o estuário, com pontos bem definidos para cada pais. Depois dele, estava oficializado o desague em mar aberto.

É possível ver as águas do rio se juntarem ao mar. Mais barrentas po causa dos sedimentos, mas longe de serem poluidas  – o Uruguai tem as praias urbanas mais limpas do mundo -, as águas se encontram com o mar já em Punta Ballenas. Mas é só mais à frente, em Punta del Este, que a água deixa de ser oficialmente do Rio da Prata.

Punta Ballenas fica a 5 minutos de Punta del Este. As duas cidades estão ainda no departmento (ou estado) de Maldonado. Antiga vila de pescadores, Punta Ballenas despontou e meados dos 80 porque lá o artista plástico Carlos Páez Villaró construiu a Casa Pueblo. A casa era um projeto para tazer a arte para o povo. Ainda que a arte de Badaró seja quase um cubismo facilmente assimilável – e por isso tido como empobrecido -, sua casa vale a visita. Parte dela é um hotel. A outra é um museu/loja (já que tudo está à venda) onde você pode passear, assistir ao pôr-do-sol. tomar café, almoçar e ainda, se der sorte, encontrar o artista. O local é muito interessante pelo tipo de construção. Lembra Gaudí. A casa parece um labirinto e é divertido perder-se nela, desde que você não odeie subir e descer escadas.

Mais è frente de Punta del Este, na direção de Montevidéu, está outro antigo balneário de luxo: Piriápolis. Construído pelo intelectual, químico, socialista e milionário Francisco Piria, o balneário é mais antigo que Punta. Seu plano urbano foi inspirado na magnífica cidade argentina de La Plata, capital da província de Buenos Aires. Como todo o litoral uruguaio, Piriápolis foi frequentada durante seus pouco mais de 100 anos de existência por argentinos e montevideanos. A cidade trouxe inovações ao Uruguai, como banheios públicos, divididos em alas masculina e feminina para o banho após a praia, e um majestoso hotel de luxo para veraneio: o Hotel Argentino.

Subir de teleférico o Cerro de Santo Antonio dá uma visão de cima do hotel. Em forma de H, alguns acreditam que tenha sido construído dessa forma porque Piria era maçônico. O que se sabe com certeza é que Piria era socialista, e um de seus famosos livros desceve a sociedade uruguaia em 200 anos como um país socialista perfeito, apesar de ser do autor o projeto imobiliário de Piriapolis inspirado nas praias francesas e focado no turista e no comprador com alto poder aquisitivo.

De volta a Punta, um dos momentos inesquecíveis na cidade é cruzar a ponte ondulada projetada pelo engenheiro Leonel Viera. Há duas delas, mas só uma é original. A outra é uma copia para aliviar o tráfego. A ponte em direção à praça Neruda pode ser percorrida em velocidade levemente rápida para que se sinta a ondulação e o frio na barriga. A da volta não deve ser percorrida da mesma forma de jeito nenhum, pois não existe suavidade entre as ondas. É divertido.

Outro clássico de Punta é o Hotel Conrad. Situa-se belamente na Praia Mansa. Todos podem passear seu interior, que nada de mais exibe, mas mantém a classe, a despeito do horripilante desfile de moda em torno da mesa de chá que tive a sorte de acompanhar para rir.

Como em todo cassino, o Conrad não permite fotos no inteior. Até aí, nada demais. Muito neon, muita máquina, muita roleta, poker, caixas e gente estranha que parece ter sido plantada na cadeira, além de uma outra metade de turistas se divertindo com pouco nos caça-níqueis.

Uma última observação sobre Punta diz respeito ainda a sua forma de organizar as ruas e os bairros. Há nomes de ruas que raramente se veem nas placas. E não há números nas casas. Tudo pode ser um inferno ou divertido, já que cada morador decide o nome que vai dar a sua propriedade.