Buenos Aires é quase inescapável de tão fascinante que é essa cidade, mas tire um dia para ter uma das experiências mais legais da sua vida, desde que você adore bichos.
Em Lujan, cidadezinha próxima à capital, funciona desde 1994 um zoológico que reúne animais selvagens e silvestres com um diferencial: você pode tocá-los, entrar em suas jaulas, ser fotografado com eles.
São leões, tigres, ursos, elefantes, camelos, lagartos, focas, araras, papagaios, pavões… Todos interagindo diretamente com os visitantes.
Logo na entrada, o visitante já tem a opção de entrar na jaula de um gigantesco leão. O animal, como quase todos os felinos selvagens, dorme durante o dia e é mais ativo de noite. Por isso, raramente está de pé. Você pode se aproximar, tocar no bicho – ele abre levemente os olhos – e tirar uma foto. Só não pode entrar com mochilas, casacos ou crianças pequenas, pois isso pode assustar ou entusiasmar o animal.
Num dos momentos mais tensos e mais intrigantes do zoológico, você entra numa jaula com 4 tigres. Raramente todos estão dormindo. Quando entrei, dois estavam inquietos, caminhando pelo local de olho nos carneiros que descansavam no pário ao lado. Uma fêmea repousava no feno e foi com ela que tiramos fotos.
Na jaula dos filhos de leão, um dos segredos do zoo – além de animais muito bem alimentados – é apresentado. Leões são criados e convivem com cachorros desde pequeninos para que se acostumem à doçura do melhor amigo do homem e peguem um pouco de seus trejeitos. Com os cães são dóceis, acabam influenciando os felinos. E é claro que os felinos também influenciam os cães, pois raramente o cachorro dorme o dia inteiro.
A única jaula em que o visitante não pode entrar é a do urso. Ainda assim, é possível chegar bem perto, alimentá-lo e sentir sua língua. Esse é um animal mais imprevisível e muito forte.
Em todos os anos de funcionamento, o zoo de Lujan orgulha-se de nunca ter tido nenhum acidente. Que siga assim. Uns dizem que os animais estão dopados. Não creio, pois já visitei templos na Tailândia com tigres e o esquema era o mesmo: há risco de acidente, mas se o animal está bem alimentado, não tem por que ele atacar.
A poucos quilômetros do zoo, está o epicentro da fé católica argentina: a basílica de Nossa Senhora de Lujan.
É uma grande catedral em estilo gótico construída por arquitetos franceses na virada dos século XIX para o XX. Ela abriga a imagem da santa que, fabricada em Pernambuco, ia em 1630 de São Paulo ao interior da Argentina. Ao chegar em Lujan, a carroça que carregava a imagem da santa empacou. Ao tirarem a imagem, a carroça voltou a andar. Na crença católica argentina, era sinal milagroso de que a imagem não queria sair dali.
Apesar de a catedral ter sido erguida muitos anos depois, a virgem continuou em Lujan. E é para lá que milhares de argentinos vão quase todos os dias pagar promessas e exercitar sua fé.
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