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Santiago de Compostela – ESPANHA

Cheguei a Santiago de Compostela dois dias depois do maior acidente de trem da cidade, no qual mais de 200 pessoas foram mortas. O festival de música que teria na cidade foi cancelado e o entorno da delegacia principal estava lotado de câmeras de TV acompanhando a condenação do maquinista acusado de estar no celular e de ter esquecido de diminuir a velocidade do trem ao entrar numa curva.

Enfim, o clima não era dos melhores, mas tive a sorte de star com amigos que moram em Portugal e fizemos um churrasco na casa de amigos que moram perto de Santiago. Então, nosso passeio à cidade foi mais para conhecer.

Alugamos um carro e vimos peregrinos pelas ruas. Estacionamos, entramos na catedral, visitamos o túmulo de São Tiago e demos mais uma volta pelas ruas da cidade medieval, que é linda.

Mas a melhor parte da Santiago foi a rústica e simples Pulperia Os Concheiros. Pedimos o polvo, cozido à perfeição e temperado com sal e coloral, pimientos de padrón, que lembram a nossa pimentinha cambuci, só que com o bônus de alguns “picaren” (arderem) e outrous não, além de orelhar de porco, que não curti muito!

De sobremesa, outra maravilha de Santiago: uma torta de amêndoas, encontrada em qualquer lugar, que você pode inclusive levar pra casa. É amênda, açúcar, conservante e amor!

Paris – Dia 2 – FRANÇA

Outro local em que sempre tive curiosidade de ir em Paris foi o Cemitério Père Lachaise. Sempre me impressionei com o cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, e o próprio cemitério de Buenos Aires se posiciona como o segundo do mundo em obras e ornamentos depois do Père Lachaise. E as personalidades enterradas no cemitério mais famoso de Paris são várias: os escritores Marcel Proust e Jean Paul Aron, os filósofos Piere Bourdieu, Auguste Comte, os músicos Frédéric Chopin e Jim Morrison, o ditador mexicano Porfirio Diaz, entre outros.

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Oscar Wilde

Mas a sepultura que mais me chamou a atenção foi a de Oscar Wilde, poeta e escritor homossexual inglês, preso por sua vida devassa e por não ter papas na língua. Sua tumba é tão amada e beijada que a administração do cemitério construiu um painel de vidro no entorno para preservá-la melhor.

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Dois outros lugares para encontrar os locais: o parque de La Villetec, no Quai de la Seine, com restaurantes e cafés ainda pouco explorados pelos turistas em geral. E às margens do sena, sobre as quais também não tinha andado. Antes, abrigavam pistas de carro, mas o prefeito resolveu transformá-las em espaços para as pessoas tomarem sol e comerem alguma coisa na beira do Rio.

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E os pratinhos de queijo podem ser pedidos em qualquer lugar de Paris a qualquer hora. São bons no café da manhã, depois do almoço ou como jantar. Tinha dias, é claro, em que comia duas vezes.

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Fui à ilha de Saint Louis, onde há a Notre Dame, para visitar na verdade a própria Capela de Saint Louis, que é dominada por vitrais. Há um horário melhor para visitá-la em função da luz, que deixa tudo mais radiante, mas não consegui coordenar. Ainda assim, valeu entrar lá.

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E um passeio que vale muito fazer, mesmo que você não seja rico, o que é o meu caso também, é andar pelo entorno da igreja da Madeleine. Por ali, estão todas as grifes francesas e mundiais de luxo, além de alguns dos restaurantes mais caros da capital. Se quiser entrar em algum e participar do entorno, peça um omelete na Maison dês Truffes, pois você vai comer trufa de verdade por cerca de 17 euros. Não é barato, mas é mais possível. Ali perto também tem a confeitaria Fauchon, com doces, cafés e biscoitos caros, mas deliciosos e acessíveis.

Luján – ARGENTINA

Buenos Aires é quase inescapável de tão fascinante que é essa cidade, mas tire um dia para ter uma das experiências mais legais da sua vida, desde que você adore bichos.

Em Lujan, cidadezinha próxima à capital, funciona desde 1994 um zoológico que reúne animais selvagens e silvestres com um diferencial: você pode tocá-los, entrar em suas jaulas, ser fotografado com eles.

São leões, tigres, ursos, elefantes, camelos, lagartos, focas, araras, papagaios, pavões… Todos interagindo diretamente com os visitantes.

Logo na entrada, o visitante já tem a opção de entrar na jaula de um gigantesco leão. O animal, como quase todos os felinos selvagens, dorme durante o dia e é mais ativo de noite. Por isso, raramente está de pé. Você pode se aproximar, tocar no bicho – ele abre levemente os olhos – e tirar uma foto. Só não pode entrar com mochilas, casacos ou crianças pequenas, pois isso pode assustar ou entusiasmar o animal.

Num dos momentos mais tensos e mais intrigantes do zoológico, você entra numa jaula com 4 tigres. Raramente todos estão dormindo. Quando entrei, dois estavam inquietos, caminhando pelo local de olho nos carneiros que descansavam no pário ao lado. Uma fêmea repousava no feno e foi com ela que tiramos fotos.

Na jaula dos filhos de leão, um dos segredos do zoo – além de animais muito bem alimentados – é apresentado. Leões são criados e convivem com cachorros desde pequeninos para que se acostumem à doçura do melhor amigo do homem e peguem um pouco de seus trejeitos. Com os cães são dóceis, acabam influenciando os felinos. E é claro que os felinos também influenciam os cães, pois raramente o cachorro dorme o dia inteiro.

A única jaula em que o visitante não pode entrar é a do urso. Ainda assim, é possível chegar bem perto, alimentá-lo e sentir sua língua. Esse é um animal mais imprevisível e muito forte.

Em todos os anos de funcionamento, o zoo de Lujan orgulha-se de nunca ter tido nenhum acidente. Que siga assim. Uns dizem que os animais estão dopados.  Não creio, pois já visitei templos na Tailândia com tigres e o esquema era o mesmo: há risco de acidente, mas se o animal está bem alimentado, não tem por que ele atacar.

A poucos quilômetros do zoo, está o epicentro da fé católica argentina: a basílica de Nossa Senhora de Lujan.

É uma grande catedral em estilo gótico construída por arquitetos franceses na virada dos século XIX para o XX. Ela abriga a imagem da santa que, fabricada em Pernambuco, ia em 1630 de São Paulo ao interior da Argentina. Ao chegar em Lujan, a carroça que carregava a imagem da santa empacou. Ao tirarem a imagem, a carroça voltou a andar. Na crença católica argentina, era sinal milagroso de que a imagem não queria sair dali.

Apesar de a catedral ter sido erguida muitos anos depois, a virgem continuou em Lujan. E é para lá que milhares de argentinos vão quase todos os dias pagar promessas e exercitar sua fé.